sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sufoco

O post anterior eu recebi da mamãe Kátia já faz um tempinho. Na realidade, ele foi só um pretexto para contar a história abaixo. O episódio ocorreu quando eu tinha uns dez anos de idade; ela tinha uns seis. Talvez fôssemos até mais novas... Portanto, me perdoem se esquecer de algum detalhe .Ao ler, a Kátia poderá fazer ajustes posteriores também.


Enfim, morávamos em Cruzeiro City e resolvemos passar a tarde na casa de uma amiguinha, a Isabela. Morávamos na rua 7 e ela um pouco mais para cima na cidade. Não sou boa de quilometragem, mas tínhamos de caminhar, com tranquilidade, por 20 minutos, talvez meia hora para chegarmos lá.


Fomos. O clima estava agradável, levemente fresco. Não me lembro da roupa da Kátia naquele dia, mas eu estava com um a japona (sabem o que é isso?) de nylon cor-de-rosa. Conforme caminhávamos, o corpo esquentava. Até que chegou a hora da subida do morro. Com o calor, tirei a japona e a amarrei na cintura, como todos fazem – envolvendo a cintura com a parte dos braços da jaqueta e deixando as costas da roupa solta sobre o bumbum.


E lá fomos nós. Andamos, andamos. De repente, dobramos uma esquina e três cachorros grandes começaram a latir para nós do jardim de uma casa grande que tinha por lá. Se não me engano eram um pastor, um fila e um doberman... Ficamos um pouco assustadas, mas como eles estavam latindo de cima da casa, mas na parte de dentro do muro, que era baixo, resolvemos continuar.


Passamos, então, pela frente da casa e, quando reparamos, o portão estava aberto. Eles começaram a descer, sempre latindo, e vieram em nossa direção. Faltava só aquela rua (que era uma subida relativamente íngreme) e virar à direita que já estaríamos na casa de nossa amiga. Com a proximidade dos cães, comecei a gritar para minha irmã: “corre Kátia, corre”. Na minha avaliação, não dava mais tempo para eu tentar escapar, mas, como ela era menorzinha e estava ligeiramente à minha frente, pelo menos uma de nós ficaria ilesa, pensei. Ordenei mais uma vez: “corre, Kátia, corre.”

Ela desobedeceu. Ficou estagnada no lugar, de frente para a cena, e com os olhos cheios de água e a voz um pouco trêmula respondeu: “eu não vou se você não for”. Pensei comigo: lascou-se, então! Os cachorros se aproximaram. Vi quando um deles abriu a bocarra para mim e num golpe só pegou a japona. Os três começaram, então, a brigar pela roupa cor-de-rosa. Foi a deixa. Disparei, me encontrei com a Kátia e disse. Vamos embora.


Viramos a esquina sem olhar para trás. Nem sei qual foi o fim daquela peça que eu tanto gostava e que acabou sendo nossa salvação. Ao chegarmos, mal conseguíamos relatar à nossa amiga e para sua mãe o que tinha acabado de nos passar. Ofegantes, bebemos muita água. Nem lembro se brincamos ou não naquela tarde.

Só sei que perdi minha japona cor-de-rosa e que ganhei a primeira demonstração de amor explícito da minha irmã.Valeu a pena o sufoco.

Cachorrada!!

Já foi mordido por cachorro? Saiba o motivo: