sábado, 17 de abril de 2010

Zebra

O senso comum diz que o futebol é uma caixinha de surpresas.

Você será brasileiro, sr. miniatura. Digo mais: será carioca e, como tal, TERÁ de escolher um time para torcer. A decisão precisa ser meticulosa, pois é uma daquelas que valem para a vida inteira. Nem pensar em desistir mais tarde. Trocar de agremiação seria um vexame. Mesmo se o time cair para a segunda ou (toc toc toc na madeira) terceira divisão.

Eu, como tia legítima e futura madrinha, pressionarei pelo São Paulo Futebol Clube. Ô tricolor ôô, clube bem amado. As tuas glórias, vêm do passado. Ops, desculpem, me empolguei. Continuando: o Tio Ricardo, que será seu padrinho, também torce para o time do Morumbi (Nossa, que coincidência. Não tinha pensado nisso. Será que foi um critério para escolher os padrinhos??) Papai, que tem bom gosto, claro, é mais um que torce pelo tricolor paulista, apesar de ser mineiro e ter morado praticamente a vida toda em Niterói.

Pois bem, as divergências começam agora. O avô paterno insistirá que o Botafogo é o melhor time do mundo, discussão acirrada que terá com o Tio Ronaldo, pois ele insistirá que ser porco e torcer pelo Palmeiras é o que há!

Torcidas à parte, acho que quem mais aproveitou o futebol entre todos na família foi, na verdade, vovô Solcélio, que era sócio-titular do RFC. Nas tardes de sábado costumava se preparar com um delicado ritual para os jogos: depois de almoçar (de preferência, bem), ligava a TV, fechava uma das portas da sala, se acomodava todo no sofá e... tirava aquele ronco! Daqueles de até atrapalhar o narrador da partida. Daí RFC, sigla de Ronco Futebol Clube. Vovô nunca deu a mínima para a bola.

Atenção, garoto: apesar de serem três votos para que você já nasça bambi, a genética do vovô Sol pode prevalecer e você ser o próximo integrante do RFC... Afinal, futebol é uma caixinha de surpresas. E pode dar zebra.